sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Canto da Esquina





Por Flávio Leite


Deixe-me aqui, neste canto desafinado

É uma esquina rouca, quase muda

Mas nunca sai deste canto

Ainda que eles tapem os ouvidos

Esqueça-me aqui, neste canto desentoado

É uma aresta fria, quase um gelo

Mas nada agasalha o meu canto

Nem mesmo eles, tão frios

Largue-me aqui, neste canto sem sorte

É uma quina sem ganhador, quase um gasto

Mas este é meu único canto

Ainda que eles tentem me calar

Abandone-me aqui, neste canto malsoante

É um vértice faminto, quase uma cratera

Mas, neste canto eu espero

Que um dia eles me ouçam, em breve ou semibreve



O Canto da Esquina
Poema: Flávio Leite
Desenho: Wesley Rodrigues

Todos os direitos reservados

4 comentários:

  1. O poema é muito sugestivo. Uma mescla de realidade e cultura. Enquanto a nossa realidade continua a se apresentar dura e crua, a cultura também não fica muito atrás em se tratando de incentivos. A ilustração do poema foi bem indicada visto que retrata a realidade de muitas crianças e também pessoas que ainda não perderam a esperança de serem ouvidas. Parabéns ao escritor e ao desenhista.

    Elaine Mendes

    ResponderExcluir
  2. Ah...e diga-se de passagem...

    Meu namorado é muito talentoso!

    ResponderExcluir
  3. SE UM DIA AS ESTRELAS DEIXAREM DE BRILHAR EU TE CHAMO ,POIS SUA LUZ JAMAIS VAI SE APAGAR!!SUPER PARABÉNS PELO TRABALHO FICOU LINDO COMO TODOS OS OUTROS BEIJOS!!
    (DALILA RODRIGUES)

    ResponderExcluir
  4. De que é faminto, este vértice?

    Adorei, como tudo aqui.
    beijos

    ResponderExcluir